sábado, 11 de fevereiro de 2017

2 Anos Depois...

Um bom tempo sem postar nada, porque depois de algum tempo você passa a encarar a situação como natural. A mudança psicológica é um baque bem maior que as alterações físicas que o vírus e medicação causam.

Em relação aos meus exames , não tive alterações de fígado, rins, meu último CD4 deu 2006 /mm3 (sim, mais de DOIS MIL) e continuo indetectável. Notei um certo aumento do colesterol ao longo dos anos, mas tudo dentro do padrão ainda, acabei voltando pra academia, corro 5x por semana, ganhei peso, musculatura... fisicamente tenho aspecto normal, inclusive continuo aparentando menos que minha idade.

Nas últimas semanas me vi pressionando, deveria atualizar o blog com os resultados e sempre adiando. Continuo com o famigerado 3x1.... continuo achando o efavirenz horrível, tive pesadelos praticamente a semana nota, acordo de madrugada assustado (ultimamente ando sonhando muito com assalto), voltei a sair de casa para uma baladinha, coisa que tinha cortado totalmente... mas ainda não me sinto confortável para ficar com ninguém. Sim, ainda estou na mesma situação travada de vários meses passados. EU SEI que não há risco de transmissão de pessoas indetectáveis, meu medo agora é outro, é pegar outra DST!  Vejo divulgando constantemente a epidemia de sífilis que se encontra no Brasil, as cepas de gonorréia resistentes a antibióticos, o alastramento da hepatite C...  E vejo que cada vez mais de fato, parece que ninguém se preocupa com preservativo, pois enxerga as DSTs ou como curáveis ou distantes de si...

Passei por 4 infectologistas desde que comecei o tratamento, sem dúvidas meu primeiro foi o melhor, o mais atualizado e esclarecido, porém não atende mais pelo meu plano. Fui depois em outro - um senhor - que parecia meio desatualizado e com cara de rabugento, depois um terceiro que juro - se me disserem que ele é técnico de enfermagem eu acredito - o cara não sabe quase nada, e trabalha também num hospital de referência de doenças tropicais. A clinica é muito pequena, a vantagem é que só ele atende lá no horário, é bastante discreta que praticamente não tem pacientes, e tem o ponto positivo, uma moça que se precisar busca gratuitamente a medicação no posto. Porém ainda não usei os serviços dela. No primeiro infectologista que fui também tinha, mas ela cobrava R$30.

Resolvi arriscar um quarto infectologista, clínica nova, vistosa, médico na casa dos 40 anos (imaginei, deve ter se especializado ha pouco tempo), relativamente atualizado, conhecia a pesquisa PARTNER 052, porém ainda é cético sobre não transmitir entre pessoas indetectáveis, e recomendação para gravidez apenas sugere com lavagem de esperma. Meu primeiro infectologista disse que poderia sim usar meios naturais e sem PREP/PEP, não haveria risco de transmissão para a mulher se estivesse há mais de 6 meses indetectável e sem nenhuma outra DST.

Conversamos uns 30 minutos, pareceu alguém informado mas reparei que não me olhava nos olhos por muitas vezes. No caso prefiro continuar com o 3o infectologista... é perto da minha casa, e as outras informações sobre HIV pego nos sites especializados e pesquiso por conta própria, pelo menos ele é sempre sorridente, agradável e ainda tem essa pessoa que poderia pegar a medicação pra mim quando eu precisar um dia.

Eu já vinha perturbando meu infectologista sobre o efavirenz desde que saiu a notícia do dolutegravir, ele disse não saber nada ainda. Porém insisti em trocar, ele disse que se informaria e iria verificar como proceder quando fosse atualizado o manual do ministério da saúde.