quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A espera dos resultados

Durante os dias que esperava os resultados ficarem prontos, alternava um misto de esperança e conformação. Procurava indícios do que confirmava minhas suspeitas, e ao mesmo tempos indícios do que poderia ser apenas um mal entendido, ou de outra doença similar.

Após esperar longos dias, dia 09/02 liguei para o laboratório e os exames mais demorados de CD4/CD8, Western Blot e Carga Viral, estavam prontos.  Perguntei ao bioquímico se ele poderia me confirmar o resultado, pois eu já tinha vários sintomas e tinha quase certeza da positividade.

De fato ele informou que meu exame havia apresentado algumas bandas reagentes, perguntei sobre meu CD4, como estava.  Fiquei feliz, apesar da péssima notícia da confirmação de positivo, em saber que meu CD4 estava ainda bastante alto. 948. Meu grande medo era que já estivesse pelos 400.

Marquei o retorno ao infectologista para o dia 10/02, e pela manhã fiz um novo hemograma, durante a tarde fui buscar todos os exames de uma vez e olhei um por um. Um momento de felicidade em ver que meus níveis estavam bons e que havia me livrado de contrair a hepatite c, que seria um agravante. Ao olhar o exame de hepatite B, um deles deu não reagente, e o outro deu uma numeração acima de 1,0. Fui verificar na internet e vi que poderia se tratar de uma imunização por vacina, que realmente tomei 3 doses.

Meus sintomas da fase aguda

Dos vários sintomas que se pode sentir ou não da fase aguda, os meus foram os seguintes, felizmente não tive dor de cabeça que eu associasse a ela, muito menos diarréia ou perda de peso absurda.
Praticamente perdi penas 2 ou 3 kg. Mas como parei a academia há uns 5 meses e também estava me alimentando muito mal, praticamente almoço e lanche a tarde e noite, acho que não tinha a ver.

17/01 Início adenomegalia e congestão nasal
21/01 Pintas vermelhas no pubis
24/01 Pintas na lateral do torso
26/01 Leve faringite, aumento dos linfonodos do pescoço.
28/01 Catarro fino no nariz, as vezes  um pouco grosso.
04/02 Tosse seca por dois dias
05/02  Candidíase no pênis


A faringite iniciou logo no dia da consulta, imaginei que tivesse mais a ver com o ar condicionado da clínica, porque o sintoma ia e voltava. Nos próximos dias começou a incomodar um pouco, arranhando levemente ao engolir, os linfonodos do pescoço começaram aumentar e o da nuca também ficaram maiores. Começou a formar catarro no nariz, e entupido constantemente que era necessário usar descongestionante para dormir melhor.
As vezes ao assoar, saia um pouco de catarro, mas ficou localizado basicamente no nariz. Fiquei uns dois dias tossindo sem nenhum tipo de secreção, e logo sumiu.
Notei nos dias 3 e 4 uma certa vermelhidão na glande, mas nada muito estranho. Acordei no dia 5/02 com presença de candidíase na glande. Logo neste dia tomei um fluconazol de 150mg e no outro dia já estava bom.

Novos exames

No dia 26/01 mesmo marquei uma consulta com um infectologista, e mencionei todo o ocorrido, sobre o exame inconclusivo.  Nesse momento já havia aparecido novos pontinhos dessa vez na lateral do corpo. Ele pediu para eu tirar a camisa e disse que já havia visto vários casos de falso positivo, que seria necessário fazer um exame confirmatório.

Até então as pintas estavam apenas muito fracas, umas 10 de cada lado. Com o passar dos dias tomaram toda a lateral da barriga, e subindo para barriga, e parte interna dos braços e punhos.


As pintas lembram bastante uma picada de pernilongo, e este foi basicamente o sintoma mais incômodo, pois não é possível esconder. Felizmente não atingiu pescoço e rosto.
Notei que elas  ficavam bem mais visíveis a qualquer esforço maior, ou calor. 
O médico me prescreveu os seguintes exames, e que fizesse o rentorno quando estivessem todos prontos.


Western Blot
Linfócitos CD4 e CD8
PCR Quantitativo (Carga viral)
EAS
Glicemia
Colesterol total e Frações
Triglicérides
TGO
TGP
Bilirrubinas totais e frações
Uréia
Creatinina
T4
TSH
PPD (Tuberculina)
HBsAg  (Hep. B)
anti-Hbs  (Hep. B)
Sorologia para Hep. C
Sorologia para Toxoplasmose
Rx de Tórax
Ultrassom abdominal total
ECG

Dia 27/01 acordei cedo para a maratona de exames de sangue e imagem.

O Resultado

Se dirigiu ao CTA, e passava os minutos e eu aguardando a resposta de algo, e desejava lógico que não fosse nada das minhas suspeitas.

 Perguntei "E então?" Recebi a mensagem "-nada bom."

Nessa hora um prenuncio do que viria, na tela do meu celular apesar de estar usando Wifi, surge um H+. Perguntei, deu sífilis? "-pior".

Nessa hora gelei de cima a baixo e perguntei se era uma brincadeira. Não era.

Pensei, o teste rápido pode estar errado, mas ... e meus linfonodos?

Me dirigi a um laboratório e na sexta a tarde mesmo fiz um ELISA (tipo de exame que procura os antígenos anti-HIV no sangue). A atendente disse que no sábado mesmo seria liberado o resultado e me deu um usuário e senha para olhar no site do laboratório.

Notei no dia 23/01 já uns pontinhos vermelhos abaixo dos pelos pubianos, que posteriormente eu descobriria se tratar de um "exantema maculopapular", sintoma da fase aguda.

Esperei e entrava a cada hora nesse site, nada. "Em quarentena" dizia o status do exame.
Liguei para o laboratório e pedi para falar com o bioquímico, uma moça atendeu e pedi que olhasse porque meu exame estava demorando tanto a sair, depois de uns longos minutos de espere um pouco, notei nesse instante que ela pôs a mão no microfone e falou com alguém, voltou e disse para eu ligar para falar na segunda com o bioquímico que ela não estava tendo acesso ao exame.

Ao ligar na segunda pela manhã falei com o bioquímico, e este disse que meu exame precisava ser refeito  (mau sinal), pois havia apresentado  como inconclusivo.


A suspeita

No início de dezembro surgiu uma adenomegalia (aumento do linfonodo) atrás da cabeça, imaginei que tinha a ver com uma briga que tinha me envolvido, e devido a esta, passei umas duas semanas do fim de novembro com torcicolo.

Como tinha uma consulta no dermatologista 10/12/14 mencionei sobre esse linfonodo, e ele me prescreveu um hemograma e sífilis. Ambos deram normais, então desencuquei pois logo depois começou a regredir.

Por volta do dia 17/01  iniciou-se um aumento dos linfonodos na virilha (inguinal), a principio achei que se devesse a alguma infecção do trato intestinal, pois ao evacuar sentia arder um pouco, e coçando. Mas apenas comecei me preocupar por volta do 20/01 quando aumentaram bastante, fazendo inclusive volume sob a pele.

Neste momento já comecei a suspeitar de linfoma, ou hiv, pedi que o indivíduo providenciasse urgente um exame de HIV, pois era importante eu tirar uma dúvida sobre um sintoma que eu sentia.
Como ele não pôde ir na quinta, foi na sexta pela manhã, 23/01.


O comportamento de risco

Resolvi criar este blog, porque muitos como eu, ainda vão passar por esse momento da desconfiança, a suspeita, e do choque ao descobrirem ser HIV+.
Reparei inúmeros blogs que começaram a descrever a mesma situação, mas repentinamente pararam de atualizar.

Vou contar cronologicamente a descoberta e tratamento.

Estive numa relação que iniciou por volta de outubro de 2013, quando ambos fizemos testes de DST, ambos negativos para HIV, diante desses resultados desencucamos e nem sempre usávamos preservativos. Em fevereiro de 2014 fiz novamente exame para as DSTS, HIV, HTLV, Hep B e C, Sífilis... todas negativo.

Por volta de setembro estávamos mais afastados, e quase não nos falávamos, eu já estava conhecendo outra pessoa, que apenas tive um fica, mas nada sexual.
Ele conheceu um turista, e saiu com este por 3 vezes, no qual no inicio da relação começou sem preservativo e colocou depois de poucos minutos.

Com o fracasso destes meus encontros, acabamos voltar a ficar, e continuamos assim até começo de janeiro 2015.

Em outubro de 2014, ele mencionou ter passando uma semana com diarréia, fraqueza e febre (fase aguda?). A desconfiança era de uma infecção intestinal por conta de um churrasco. Ele não apresentou nenhum outro sintoma que o chamasse atenção, que coincidisse com os de fase aguda.

Ficamos novamente em outubro, dezembro, e janeiro com relações desprotegidas.